sábado, 7 de janeiro de 2012

177 anos da Cabanagem!



07 de Janeiro de 2012, 177 anos da Cabanagem! “A Revolução Popular da Amazônia”..... ”O Povo no Poder”............ ”A Revolução no Brasil”. Cinco anos de lutas renhidas, guerra civil que levou a vida de trinta mil habitantes, cerca de um quinto da população da então Província do Grão Pará.
Para Caio Prado Junior, em seu livro “Evolução Política do Brasil” a Cabanagem foi “... um dos mais notáveis, se não o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem o poder de toda uma Província com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, apesar da falta de continuidade que a caracteriza, fica-lhe, contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou da simples agitação a uma tomada efetiva de poder.”
E, o anseio de Liberdade que mobilizou milhares de Paraenses é uma chama que não se apagou no coração da Amazônia. Arde alimentada pela injustiça, pelo desrespeito, pela indignidade com que somos tratados, ainda nos dias de hoje. Às riquezas vegetais daquela época somou-se a descoberta das riquezas minerais, o potencial dos recursos hídricos, o valor de nossa biodiversidade. Tudo alvo da cobiça dos que querem o enriquecimento a qualquer custo, ou, melhor dizendo, ao custo do trabalho escravizado da maioria, que, apesar de dona desta riqueza dela foi feita escrava.
O Pará segue sendo tratado como um grande almoxarifado para o desenvolvimento dos outros. E, hoje como ontem não falo de nossos irmãos brasileiros, mas dos que representam os interesses imperialistas. Enquanto o Brasil era sugado nos ciclos do pau-brasil, da cana de açúcar, do ouro, o Pará ficava na bubuia, como que sendo guardado para um butim maior. E, o butim começou e continua acontecendo. Os maiores investimentos realizados em nosso Estado não são para agregar valor aos nossos produtos, industrializar a região e promover o desenvolvimento. Os maiores investimentos são para aumentar a capacidade de exportar nossa matéria prima, nossas riquezas. O modelo é um velho conhecido: a mina, a estrada de ferro e o porto. Ou para outros, o desmatamento, a pata do boi e as grandes plantações.
E, se em 1838 tiveram que editar uma lei para forçar os homens livres desta terra a trabalhar, em regime de servidão, hoje o aparato legal não deixa por onde.
A Lei Kandir retirou mais de 21 bilhões de reais das nossas parcas receitas, de 1997 a 2010, para favorecer a exportação: minério, madeira, boi em pé, tudo que der para levar. E, ano após ano, o Estado fica na mais completa dependência dos recursos federais. A “compensação da lei Kandir”, no orçamento de 2012, depois de muita discussão, chegou a 3 bilhões e novecentos milhões, e é para TODOS OS ESTADOS, que se encontram na mesma situação.
O resultado da legislação que determina o não pagamento de ICMS aos Estados produtores de energia elétrica, aliado a outros fatores, como a privatização do setor elétrico, foi a contradição vivida no Pará e na Amazônia, quando, somente após trinta anos da construção de Tucuruí é que mais de um milhão de Paraenses pode ligar um bico de luz em seus lares. E, ainda há muito por se fazer. Estão aí nossos irmãos marajoaras, atores destacados nas lutas Cabanas, ainda hoje sem contar com energia firme em seus municípios.
 E, a tal da responsabilidade fiscal? Que ficam vendendo por aí que é para impedir gastos excessivos com pessoal? Mas, na verdade é para engessar os investimentos públicos e garantir o tal do superávit primário, ou seja, a prioridade para os “donos da banca”, os banqueiros! No orçamento da União, para 2012, os bancos já têm garantido 47,19%, ou seja, 1,014 trilhão de reais!!!!!!!!!!! Enquanto para a saúde e educação estão previstos 3,98% e 3,18%, respectivamente!!!!!!!! Todos nós queremos que os governantes tratem com responsabilidade os recursos públicos, mas onde está a responsabilidade com os direitos e as necessidades do povo, tolhidos e postergados em nome da sacrossanta dívida pública????
Hoje, como ontem, nossa luta segue por Liberdade. Não a Liberdade separatista, mas a de cidadãos, de homens livres e iguais. É uma luta de libertação nacional. Para que nós, o Povo Brasileiro tenha o comando do nosso país em nossas mãos. Que as nossas riquezas gerem desenvolvimento para o nós o Povo Brasileiro, do qual com muito orgulho nós, Cabanos Paraenses, fazemos parte.
Lembremos o chamamento de Antônio Vinagre, às vésperas do segundo ataque dos Cabanos à Belém, em 14 de Agosto de 1835:
“Dignos filhos do gigante Amazonas, valentes e denodados defensores das liberdades dos cidadãos brasileiros, a nós cumpre vingar a afronta feita a esta briosa Província, que hoje geme sob o mais vil despotismo. Que cada um de nós seja um Guilherme Tell na defesa da Pátria e da Liberdade! Seja a nossa divisa: Vencer ou Morrer! Os vossos chefes estão na vossa frente e onde maior for o perigo, aí será o seu posto de honra! Somos paisanos, desconhecemos a arte da guerra. Mas nós havemos de bater como os mais briosos e aguerridos soldados...........”

Viva a Revolução Cabana! Viva os Mártires da Luta por Liberdade!